Década de 70. A cidade de Santos, no estado de São Paulo, era conhecida como a “CAPITAL DAS BANDAS”. Durante muitos anos a cidade sustentou esse título, pois aqui se apresentavam as melhores Corporações Musicais do estado. Aqui surgiram, também, muitas das mais bem sucedidas agremiações da época. Infelizmente, por falta de critérios, boa vontade e apoio de nossas autoridades e da iniciativa privada, já não faz mais jus a esse título.

O Concurso Colegial de Bandas e Fanfarras da Cidade de Santos, mais conhecido como “CONCURSO DA TRIBUNA”, foi instituido em 1971 e idealizado pelo saudoso Evaristo Pereira de Carvalho. Foi realizado por mais de vinte anos com sucesso e oficializado pela Prefeitura Municipal, fazendo parte do calendário anual. No entanto, a organização do certame deveria ser aprimorada e, em 1982, a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo passou a organizá-lo em conjunto com a Sictur. Assim, o já famoso concurso de bandas e fanfarras passou a ser conhecido e respeitado em diversos pontos do País.

No entanto, no início da década de 90, o destino dessa grandiosa festa já estava traçado. A falta de interesse dos organizadores e a velha desculpa de falta de verbas, levou o evento ao gradual esquecimento. Com isso, a quantidade de participantes foi diminuindo e a maioria das entidades de ensino que mantinham suas corporações, aos poucos, foram se desfazendo e aquelas que, ainda resistiam, contentaram-se com apresentações esporádicas e desfiles cívicos.

Sómente algumas Corporações, já famosas e bem conceituadas, resistiram por mais tempo; mesmo assim, já estavam fadadas ao desaparecimento.

O próprio matutino “A TRIBUNA” que, durante tantos anos deu grande destaque ao evento, sempre com páginas inteiras de reportagens e fotos, passou a publicar pequenos anúncios e notas informativas após os desfiles, não se importando mais em promovê-lo e divulgá-lo.

Desde sua primeira edição, em 1971, a primazia das bandas e fanfarras da região era total. Quem não se lembra com saudades de bandas como do Ateneu Santista, Santa Cecília, do CAMPS com seu mascote Pastor Alemão, de um Afonso Schimidt, de Cubatão, do grande Colégio Santista ou das dezenas de bandeiras do Colégio Nações Unidas de São Vicente, entre outras. Eram sempre as primeiras colocadas, sempre as melhores.

No entanto, a partir de meados da década de 80, essas Bandas e Fanfarras foram declinando, sendo esquecidas, até encerrarem definitivamente suas atividades. Culpados? SIM! Os diretores de escolas com olhos voltados sómente para o Balanço no final do mês, colocando de lado o conceito educador artístico-musical das corporações; o desinteresse das autoridades públicas; a falta de visão do empresariado, já que “Banda Estudantil” não é produto comercial e, finalmente, pela aceitação pacífica da própria sociedade que nada fez para evitar a destruição e o esquecimento da cultura em nosso País.

Por outro lado, as disputas saudáveis ainda são lembradas com saudosismo por muitos que sentiram na pele a paixão e o prazer de “Tocar na Banda”; ex-componentes que, hoje, chefes de família, ainda recordam que, vencer um Campeonato era questão de honra e orgulho para toda a Corporação, motivo de respeito para os pais, professores e comunidade em geral.

Ainda hoje lutamos pela volta do velho Concurso da Tribuna; ainda temos esperança de encontrar vozes ativas no poder público e na iniciativa privada. Os bons tempos vão estar de volta! Será???

RICARDO DOMINGOS RUBO

REGENTE

HISTÓRIA

Atualmente, a quantidade de Corporações Musicais sediadas na Baixada Santista vem aumentando gradativamente. Felizmente, as esperanças se renovam e já podemos ver uma luz no final do túnel.

“ BANDAS E FANFARRAS DA BAIXADA SANTISTA ”

Nas décadas de 70 e 80, Santos e região possuiam cerca de 90% de escolas, públicas ou privadas, que mantinham Corporações Musicais. Segue relação das mais conhecidas:

SANTOS

- Colégio do Carmo

- Instituto Educacional Escolástica Rosa

- Colégio Santa Cecília

- GESC Azevedo Júnior

- Colégio Primo Ferreira

- Liceu Feminino Santista (até 1974)

- Colégio Liceu Santista (a partir de 1975)

- Liceu São Paulo

- Colégio Coração de Maria

- Colégio Moderno dos Estivadores

- EEPG Docas de Santos

- Instituto Educacional Leão XIII

- Colégio Ateneu Santista

- Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Santos – CAMPS

- Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Cubatão - CAMP

- Ginásio Estadual do Campo Grande

- Colégio Anglo Americano

- Escola Presidente Kennedy

- SENAI

- Banda Estudantil Cosipa – BEC

- Colégio São José

- Clubinho Pluft

- Colégio Marista (Santista)

SÃO VICENTE

- Instituto Educacional Brasília

- Colégio Nações Unidas

- Colégio Martim Afonso

- EEPG São Vicente – Grupão

- Itá – Instituto Educacional

CUBATÃO

- Colégio Afonso Schimidt

- Banda Musical de Cubatão

- E.M. João Ramalho

GUARUJÁ

- Colégio Domingos de Morais

- Fanfarra Municipal do Guarujá

OUTRAS

- Ginásio Estadual de Peruíbe

- Banda Municipal de Itanhaém

- Fanfarra Municipal de Mongaguá

Como se percebe, sómente com Bandas e Fanfarras dos três principais municípios da região já seria possível realizar um Concurso gigantesco e de qualidade. No entanto, algumas se destacavam entre elas, à saber:

- Banda Musical do Colégio Ateneu Santista

- Banda Musical do Colégio Santista

- Banda Marcial do Colégio Santa Cecília

- Banda Marcial do Colégio Moderno dos Estivadores

- Banda Marcial do CAMPS

- Banda Musical do Colégio Coração de Maria

- Banda Marcial do Colégio Liceu Feminino

- Banda Musical do Colégio Afonso Schimidt de Cubatão

- Banda Musical de Cubatão

- Fanfarra do Colégio Nações Unidas

- Banda Estudantil da Associação dos Funcionários da Cosipa – BEC

- Banda Marcial do Colégio São José

- Fanfarra do Colégio D. Escolástica Rosa

- Banda Marcial de Itanhaém

- Fanfarra Municipal de Mongaguá

Nas 22 edições do Concurso de “A TRIBUNA “, sómente algumas dessas Corporações conseguiram chegar ao título máximo, à saber:

- Banda Musical do Colégio Ateneu Santista - Santos

Hexa Campeã em 71, 72, 84, 85, 86, 87

- Banda Musical da Cosipa – BEC – Santos

Tri Campeã em 84, 85, 86

- Banda Musical do Colégio Santista – Santos

Tri Campeã em 73, 75, 76

- Banda Musical do Colégio Afonso Schimidt – Cubatão

Bi Campeã em 74 e 77

- Banda Musical de Cubatão (na década de 80 tornou-se municipal)

Tri Campeã em 78, 79, 80

- Banda Marcial do Colégio Bilac de São Paulo

Hexa Campeã em 81, 82, 83, 89, 90, 91

- Banda Marcial do Colégio Santa Cecília – Santos

Campeã em 1981

- Banda Musical do Colégio Duque de Caxias de Ribeirão Preto

Campeã em 1992 (última edição)

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BANDAS E FANFARRAS - HISTÓRIA

BANDA MUSICAL MASCULINA DO COLÉGIO

ATENEU SANTISTA

“BANDA SHOW”

Fundada em 20 de Agosto de 1966, ainda como Fanfarra do Ginásio Ateneu Santista, se apresentou pela primeira vez em 25 de Outubro daquele ano, com 25 componentes, nas festividades do aniversário do bairro do Boqueirão, em Santos.

Teve como Regente único e perpétuo o saudoso Mestre Rubens Marcondes Filho e, como Diretores os Srs. João Pereira dos Santos Neto, Ayres Vieira e Hyjalmar Rubo.

Em 1970 se elevou à categoria de Banda Musical devido a aquisição de diversos instrumentos de sopro. Ainda nessa década foi reconhecida como a primeira Banda Show do Brasil, devido as evoluções e alegorias que apresentava na execução de suas peças musicais. Se destacava, também, pela ousadia em criar e apresentar novos projetos. Assim foi quando decidiu inovar trocando o lindo uniforme de Granadeiro pelo fardamento escocês numa corporação predominantemente masculina.

Foi também a única Banda da região a ser convidada para apresentar-se nos Estados Unidos da América, em 1972. O Ateneu Show Banda, como era conhecida, encerrou suas atividades em 1996 pela total falta de visão de seus novos proprietários que se recusavam a investir em novas metas, principalmente após o falecimento de seu grande Mestre. Hoje em dia os ex-componentes se reúnem anualmente para celebrar os bons tempos que não voltam mais.

C U R I O S I D A D E S

Primeiro Uniforme: Túnica azul, calça vermelha, polainas brancas e sapatos pretos.

Segundo Uniforme: Granadeiro, nas cores azul, vermelho, branco e dourado.

Terceiro Uniforme: Escocês, com saiotes e xales nas cores azul e vermelho xadrês.

Quarto Uniforme: Guarda Imperial.

A Banda do Ateneu foi a primeira Corporação Musical estudantil a receber o Prêmio Robalo de Ouro, oferecido pela TV Record, Canal 7, de São Paulo.

Em 24.10.74 a Banda se apresentou para cerca de 15.000 pessoas no Estádio Olímpico de Goiânia-GO nas festividades de aniversário daquela cidade.

Em 02.07.86 abrilhantou as festividades do Dia da Padroeira das Misericórdias do Brasil, em frente a Santa Casa de Santos.

Em 07.08.99 os ex-componentes da Banda realizaram reunião de confraternização nas dependências do Grêmio dos Subtentes e Sargentos do Exército, com a presença de mais de 100 pessoas, entre ex-alunos e familiares, demonstrando a saudade que todos sentiam pelos “bons tempos”.

Fato inédito aconteceu no Concurso do Município de Guarulhos, no ano de 1977. A Banda do Ateneu, conhecida pelo Show de variedades que apresentava, foi impedida pelo Regulamento de fazer evoluções em frente ao Palanque Oficial. Inconformados, os componentes resolveram apelar, não só mostrando as evoluções para delírio do público mas, também, tocando por mais 20 minutos além do tempo permitido. Resultado: a Banda foi desclassificada!

O saudoso Mestre Marcondes nunca deixava de usar seu uniforme tradicional: Blayser azul, calça e sapatos brancos. Em determinada viagem os componentes mais atirados resolveram brincar com um dos pés de sapato do Mestre, dentro do ônibus em movimento. Resultado: o sapato, literalmente, voou pela janela e perdeu-se na estrada. Como castigo tiveram que fazer “vaquinha” e comprar um par de sapatos novos para o desfile.

Em 1970 recebeu homenagem da Secretaria de Turismo e Cultura de Santos e da Sociedade Amigos do Bairro do Boqueirão por ter conseguido a segunda colocação, na contagem geral de pontos, no Concurso Nacional da TV Record, em São Paulo. No mesmo evento, foi Campeã em sua categoria.

Em 22.08.91 foi comemorado o Jubileu de Prata da Banda (25 anos) com extensa programação, à saber: às 19 horas foi realizada Missa em Ação de Graças na Igreja São Judas Tadeu; em seguida, às 20:30 horas, nas dependências da escola, era inaugurada a Galeria de Troféus “Rubens Marcondes Filho”, em homenagem ao grande Mestre. No dia seguinte, uma grande festa foi realizada nas dependências do Ginásio do SESC, com a apresentação de diversas Bandas. Estiveram presentes as seguintes Corporações Musicais: Banda Marcial do Colégio Oswaldo Cruz, Fanfarra Municipal de Mongaguá, Banda Musical do Colégio Santista, Banda Marcial do Colégio Bilac, de São Paulo, Banda Estudantil da Cosipa e, finalizando, as Bandas Master e Show do Colégio Ateneu Santista.

A Banda do Ateneu foi, com certeza, uma das maiores casamenteiras de todos os tempos. No mínimo, 15 casais se conheceram, namoraram e se uniram em matrimônio. Bons tempos!

No ano de 2000, em entrevista ao Jornal “A Tribuna”, a então Diretora do Colégio Ateneu Santista dizia: “estamos nos empenhando ao máximo para resgatar as glórias conquistadas pela nossa Banda Musical, em sala especial com objetos, uniformes, instrumentos, bunners, troféus e partituras, tudo em exposição nas dependências da escola”. (só ficou na declaração)

OPINIÃO PESSOAL DO AUTOR

A verdade é que o empenho que essa senhora diz ter realizado foi ilusório e ridículo. Como ex-componente da Banda e, por algum tempo, Instrutor da Fanfarra que ela mesma queria montar, pude verificar que na sala em questão, apesar de bem cuidada (antiga sala dos professores), se encontravam em exposição apenas alguns troféus (cerca de 30), dos 430 conquistados em 25 anos de existência. Os bunners não ficavam à mostra; apenas pequenos albuns de fotografias estavam guardados em gavetas da sala. As partituras, em quantidade mínima, se encontravam aglomeradas em uma pasta de cartolina em cima do móvel. Quanto aos uniformes, a revolta é ainda maior: guardados durante muito tempo em uma sala úmida e quase sem ventilação, estavam se desfazendo de podres, mofados e manchados; a maioria foi vendido para uma Banda da região (Benevenuto Madureira); outros, em estado lastimável foram doados a outra Corporação (Banda Independente de Cubatão). Do material usado nos “Shows”, nem se fala; sumiram como num passe de mágica. Quanto ao instrumental, principalmente o de sopro, que deveria estar exposto, foi vendido a “preço de banana”. Os instrumentos de percursão, apesar de também estarem se deteriorando, ainda se encontram na mesma sala úmida para serem usados em alguns eventos da escola. Com isso, prova-se o verdadeiro desleixo e falta de consideração com a memória cultural de nossa região (pois o mesmo aconteceu com outras Corporações.

ALGUNS COMPONENTES

Ricardo da Marimba, Betarda, Tamandaré, Walter Ferrugem, Sílvio Batata, Cordeiro, Alfei, Babão, Rocco, Siqueira, Walmir do Surdo, Walmir do Piston, Barroso, Muniz, Wallace, Willian, Djanir, Mazinho, Mazico, Saulo, Guarnieri, Igreja, Conceição, Tânia I, Tânia II, Suely, Regina Guerra, Beatriz, Márcia, Eduardo, Gueto, Rogério, Eduardo, Maria Amélia, Valéria, Alvares, Cassiano, Abel, Denis, Sérgio Luiz, Estógio, Galo, entre outros.

Principais Títulos

- Tetra Campeã Santista (geral) – 71, 72, 84 e 87

- Hepta Campeã Santista (categoria) – 71, 72, 74, 75, 84, 87 e 89

- Penta Vice Campeã Santista (geral) – 73, 74, 75, 85 e 86

- Terceiro Lugar – Santos – 77 e 79

- Vice Campeã Nacional na classificação geral – 1970

- Bi Campeã Nacional (categoria e geral) – 70 e 71

- Tetra Campeã Paulista – 71, 72, 84 e 87

- Tri Campeã de Pinheiros-SP – 71, 72 e 84

- Campeã das Campeãs em Mogi Mirim-SP – 1972

- Terceiro Lugar em Guarulhos-SP – 1971

- Campeã de Araraquara-SP – 74